segunda-feira, outubro 29, 2007

Angel’s tale


O calor e a luz do sol me incomodam, estamos ali, na frente de batalha, de um lado nós o exercito de Deus, do outro o Rei da Pérsia, aquele por quem um dia fui regido. Até hoje me pergunto como ele foi tão idiota. Ainda bem que nunca dei ouvido as suas lorotas.

Estamos imóveis a um tempão, e nada de ninguém atacar, isso me deixa agoniado. Gabriel fica impassível de quaisquer movimentos, e o líder inimigo continua esperando nossa movimentação, incrível como apesar de rebeldes eles são tão obedientes. Da pra ver em suas caras obscuras uma tremenda vontade de atacar, alguns deles ainda esboçam movimentos de avanço, mas líder inimigo os repreende apenas com um olhar, e eles recuam. De longe parecem uma massa disforme e negra de maldade e trevas. Por de trás da infantaria, posso ver aqueles que um dia andaram na presença do Altíssimo, mas preferiram ser feitos espíritos imundos.

De um lado do vale nós, do outro eles, e no meio um pequeno bosque de poucas arvores e um pequenino charco lodoso. O sol se levanta ignorando a nossa presença, e as nuvens vão se dissipando dando espaço para que a luz entre.

No momento em que a luz adentra o vale, o líder inimigo, se desgruda da massa de macula e ódio, e avança até o meio do vale. Gabriel se mantém imóvel. Isso me preocupa e tranqüiliza. Vamos Gabriel faça algo! A coisa se locomove como nós, mas não é como nós. Se parece conosco, mas não é como nós. Ele é negro e toda rebeldia é contida nele. É maior do que nós e tem asas negras e despenadas, como se inundadas em óleo negro e queimado, seu peito é nu e nele a marca é estampada como um símbolo de sua imperfeição. Que ironia, aquele que foi criado para ser o contrário de tudo o que se transformou, de tudo o que cavou, mas a rebeldia foi sua ruína e Deus seu juiz. Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Felizmente ele pagou pelo que fez!

Trazia consigo uma espada, serrilhada e chanfrada, que era arrastada pelo chão deixando um fogo negro e terrível. Em sua boca podíamos decifrar as palavras de maldição que pronunciava contra nós. Seu ardor e fúria são tão fortes que seus aliados se prostraram diante dele e ele disse a Gabriel:

—Gabriel! GABRIEL seu idiota covarde, não vai se mexer? Cachorrinho do papai é o que você é! Eu cuspo diante d’Ele e de você!

Nesse momento de sua boca foi expelido um homúnculo, uma criatura humanóide de aparência demoníaca, que rastejava pelo chão e clamava por misericórdia. Mas insanamente, ele a destruiu com sua espada.

Gabriel apenas disse:

—Que o Senhor te repreenda Baal, não tens tu mais nenhum poder sobre nós ou sobre homens, pelo nome poderoso do Cristo eu te repreendo! Deixe-nos passar!

Então ele recolheu suas asas e contraindo sua massa espiritual e urrou como uma besta: — Não!

Foi então que Gabriel mandou que atacássemos, pois o Senhor é conosco!

Arqueamos nossas asas e bradamos em nome do Senhor dos Exércitos. Nossas armas espirituais foram conjuradas por Gabriel naquele momento.

Descemos pela curta colina que levava até a entrada do vale. Enquanto isso os arqueiros se preparavam para o ataque, a infantaria demoníaca avançava desenfreadamente pelo charco, quando o capitão de cem deu a primeira ordem: — Arqueiros! Ataquem!

Logo após do primeiro choque surdo e doloroso de nossas infantarias, nós que estávamos um pouco atrás, podemos reparar nas flechas que passavam sobre nós, zumbindo e voando como o vento na direção do inimigo.

As infantarias logo se misturaram e se embrenharam numa luta feroz e brutal. Talvez a mais bruta que já presenciei. A covardia era um ponto alto no exercito deles, dois ou três atacavam o mesmo anjo sem qualquer piedade ou honra. Mas sobre o alto comando de Gabriel eles eram incentivados a dar o melhor de si para o Senhor.

O barulho de lanças se chocando e de espadas sendo brandidas e machados se chocando me ensurdeceram por um tempo. Via meus amigos serem mais guerreiros do que em suas palavras, com movimentos rápidos e um pensamento sagaz eles pareciam ter mais de dois braços. Seus ataques eram precisos e mortais. Mas os inimigos nunca se davam por vencidos, até por que, seu capitão ainda não havia entrado na batalha...

As tropas iam se misturando e adentrando-se uma nas outras e minha vez estava chegando. Passei a frente dos arqueiros e logo já estava diante de onde a batalha estourara. Foi quando escutei de meu capitão de mil: — Dêem a volta pelo flanco esquerdo precisamos ganhar terreno, eles são muitos. Se for preciso voem, mas cuidado com ataques aéreos!

A passagem estava muito tumultuada e parte do meu esquadrão resolveu voar, e eu também. Infeliz idéia... Bolas de fogo verdes enegrecidas rondavam o ar em busca de nós. O rei persa sabia que iríamos voar e nos deixou um presentinho. Tivemos de fazer muitas manobras evasivas e alguns de nós fomos atingidos, isso atrasou nossa estratégia, acabamos ficando encurralados num paredão de rocha, agora sei porque ele quis nos prender aqui. O que será de Daniel...

Gabriel estava batalhando como nunca, via-se seu empenho para cumprir a vontade de Deus Pai. Porém o charco dificultava nossa movimentação e o avanço da infantaria se tornava cada vez mais vagaroso. E ele o Rei da Pérsia estava ali parado, estagnado no meio de todo aquele caos, apenas observando os movimentos de Gabriel.

Depois de nos recuperarmos e sairmos do cerco de pedra, nosso caminho estava quase desimpedido se não fosse pela potestade que tentava bloquear nosso caminho. Tentamos nos dividir para ganhar terreno e atacar de todos os lados. Assim a destruiríamos facilmente. Esse foi nosso erro!

Nessa hora foi que ela se dividiu e tentáculos foram desenrolados sei lá de onde, e ela nos atacou com toda sua fúria, foi então que percebemos seu plano: a divisão nos havia enfraquecido. Mas ela não contava que houvesse alguém experiente ali. Antes de ser atacado, me uni à pelo menos mais dois de meus amigos, isso fez com que seu tentáculo não se prendesse a nós com a força necessária para nos esmagar. E com habilidade, deixei meu braço fora dessa. (claro que foi o braço da espada). Ataquei o tentáculo e nos soltei enquanto os outros já corriam para ajudar os que ainda se viam presos. A potestade ficou desnorteada com nossa estratégia e nos unimos para fazer um ataque fatal.

Perdemos muito tempo com a potestade e quando chegamos ao ponto que nos fora determinado, a batalha já havia se expandido o suficiente para batalharmos frente a frente.

Gabriel chegara ao charco e Baal o esperava ali. Quando Gabriel se pôs diante dele, um estrondo tamanho foi ouvido das rochas, e muitos deles e de nós caíram de dor com as mãos nos ouvidos. A massa espiritual maligna era vista em deslocamento e consumindo em trevas todos aqueles que se mantinham próximos aos dois. Uma arena estava sendo formada, Baal estava disposto a impedir a passagem de Gabriel a qualquer custo. Nesse momento pensei se Daniel receberia ou não sua resposta...

Enquanto nossa luta se desenrolava, Gabriel se concentrava em sua luta com Baal. Deu um jeito na túnica, amarrou o cabelo com uma tira de couro que pendia em seu braço, e olhou fixamente a expressão nojenta do inimigo, enquanto erguia sua espada e conjurava em nome do Deus Vivo o fogo para inflamar sua lâmina.

Baal apenas o olhava com desprezo e esperou que se preparasse por completo antes de atacar. Empunhou sua mórbida lâmina e conjurou seu próprio nome. Naquele momento tive nojo de tal prepotência.

Aqueles segundos pareciam dias, e por mais que quisesse me concentrar na guerra, sempre olhava pra o que estava acontecendo com Gabriel.

A explosão do primeiro golpe resultou num impacto que teria derrubado quase qualquer um, menos Gabriel, o choque de suas laminas resultava em pequenas explosões de luz e trevas. Gabriel é muito rápido em seus movimentos e quase não os percebia, Baal os defendia com certo esforço, mas sempre os defendia. Parecia que sabia que ataque Gabriel usaria. Isso me preocupava.

Num momento em que Baal se jogava com voracidade em cima de Gabriel, ele com esperteza lançou-se para o lado e para baixo, soltando um feixe luminoso e forte pela mão esquerda. Baal ficou desnorteado por instantes suficientes para que Gabriel fizesse um ataque em suas pernas.

Baal recebeu o golpe, mas não caiu, pelo contrario, usou o peso do próprio corpo para atacar a asa de Gabriel com sua espada amaldiçoada. Graças a Deus, o golpe não foi em cheio, porém o fogo negro de sua arma havia consumido parte significativa da asa de Gabriel. Ele caiu no chão e não teve forças para fazer quase nada, apenas gritar: — Senhor eis que conto agora com tua provisão Pai.

Então os céus se abriram e todos nós vimos um raio partir as nuvens e se chocar no chão bem entre Gabriel e Baal.

Baal foi jogado por terra e caiu a pelo menos uns dez metros do charco, derrubando alguns combatentes. Uma forma de luz angelical se formava diante de Gabriel, logo o reconhecemos, conheço aqueles pares de asas em qualquer lugar do universo!

Era Miguel. Sua voz ecoou como forte trovão e todos os inimigos caíram por terra diante do arcanjo, menos Baal. Miguel dispôs seu braço e ajudou Gabriel a se levantar, a agora com uma voz doce disse: — Estás bem amigo, o Senhor escutou teu clamor, viu tua angustia e enviou a mim para ajuda-lo nesta missão de responder a oração de Daniel, homem formoso e mui desejado.

Satanás então interrompeu a conversa dos dois e disse: — Desculpe interromper o namorico crianças, mas você me atrapalhou arcanjo maldito! Então se lançou como ameaça diante de Miguel, que permaneceu imóvel diante da afronta.

Os olhos de Miguel arderam como fogo e Baal se pôs em posição de disputa, mas Miguel calmamente disse:

—Pelo nome poderoso do Deus Vivo, é que tu és repreendido Belial, curva-te diante da presença majestosa e da Glória do Senhor teu Deus, quer você queira quer não!

Então Baal se recolheu e seus acólitos rastejaram pelo chão ao seu encontro. Uma fenda foi aberta no chão e ele se jogou nela.

Então disse Miguel a Gabriel e a nós:

— Todos, todos vocês batalharam bem, e o Senhor se honra com seus feitos. E quanto a seu dever Gabriel, vá em paz e cumpra-o, pois Daniel deve ser respondido pelo Deus Vivo.

Então se foi Gabriel levar a resposta de Deus a Daniel, e nós voltamos com Miguel à presença do Altíssimo.

>>> by Nelson Edson

Confiança, Aliança e Força.


O

vento sopra uma suave melodia em meus ouvidos e aprecio a paisagem montanhosa à minha frente. Todos já estávamos cansados quando paramos para comer algo no cair da noite. Preparamos o acampamento e nos sentamos para comer e dormir.

Éramos três naquela ocasião. Três amigos, três irmãos cavalgando em frente a seu destino sem quaisquer duvidas quanto a seu propósito, porem temerosos quanto à jornada.

Estávamos no quinto dia de viajem e as florestas do ermo e o vale dos gigantes se perdiam ao sul. Lucas andava cabisbaixo, com sua capa enrolada sobre si e com o andar firme, mas lento. Rafael estava bem, com a postura ereta, passos firmes e com o olhar atento. Eu também estava bem, apesar de minha posição de liderança; estava bem.

Acendemos uma pequena fogueira e armamos nossas tendas. Em poucos minutos já estávamos prontos pra dormir.

Acordamos cedo, Lucas foi o primeiro, enquanto ele revisava os equipamentos, eu e Rafael fomos acordando. E sem qualquer desjejum saímos novamente, o sexto dia da jornada. Conforme o sol ia aquecendo minha pele e minha alma, minha esperança também se reacendia como um fogo incomum. Rapidamente saímos da campina e logo alcançamos os nosso limite, a partir daquele ponto, nenhum de nós já havia ido tão longe, as fronteiras de nossa terra.

Entravamos em território inimigo. Não sei quanto aos outros, mas em meu coração, só queria voltar pra casa, passei a me sentir um tanto abatido milha após milha. Meus companheiros viam isso. Mas graças ao olhar consolador e amigo de Rafael, me senti melhor. Cheguei perto de Lucas, parei o cavalo, e o abracei. Pude sentir o quebrantamento e a saudade em seu coração. Para ele estava sendo duro encarar tudo aquilo. Ele começou a chorar tão reprimido que senti meu coração pesar, olhei bem firme em seus olhos e o abracei mais forte que pude. Senti um amor tão profundo e tão fraterno naquele memento, que particularmente não queria que acabasse. Rafael apenas nos olhava tentando não parecer comovido. Então levemente colocou a mão em meu ombro, e me lembrei de onde estávamos.

A terra ia ficando árida e os vastos campos verdes, não eram mais tão freqüentes, apenas avistávamos as montanhas, escuras, avermelhadas e sombrias. O chão de terra batida foi dando espaço a um chão de barro vermelho e poeirento. Não se via uma arvore, e dificilmente podia-se ver um toco murcho e retorcido na margem da trilha. Um cheiro de morte rondava o local.

Tentei pensar em algo confortante e alegre, para descontrair, mas tudo em que pensava se transformava em terrível pesadelo, tudo sempre acabava em morte...

O dia passou e não conseguimos nem comer, estávamos apenas concentrados no que fomos fazer. Ou pelo menos tentamos fazer isso.

Lucas estava melhor e periodicamente ia a nossa frente na trilha para verificar o caminho à frente. Rafael mantinha sua mão ao alcance do arco como se tentasse prever um ataque. Eu estava mais calmo agora e não temia um ataque repentino, isso por que vi o que nos mantinha vivos e fieis ao nosso objetivo. No escudo de Lucas via o brasão do Senhor dos Exércitos, estava um pouco empoeirado, mas lá estava ele alimentando minhas forças. E um sentimento especial alcançava meu espírito quando via o símbolo da tribo de Judá, que fica ao redor do brasão.

No cair da noite nuvens cinzentas e densas cirandavam em torno da lua sombria, dando formas malévolas às nuvens que eram contrapostas a sua luz obscura.

Assim fizemos nosso último acampamento dessa jornada. Temerosos e desconfiados de tudo o que nos cercava. Tentamos revezar turnos para dormirmos, mas nenhum de nós dormiu direito.

O dia não amanheceu e Rafael logo desconfiou da escuridão eterna. Chegávamos cada vez mais perto. Ele foi quem tomou a iniciativa, reuniu suas coisas e saiu pela trilha montanha acima. Lucas e eu vendo isso também partimos, com uma diferença, resolvi deixar tudo que me trazia peso para trás. Fiquei apenas com minha espada e escudo, Lucas vendo que aliviei bagagem, logo fez o mesmo.

Ultrapassamos Rafael rapidamente e em pouco tempo ele fez o mesmo que nós. Ganhamos boa parte da montanha nesse começo, pois o aclive era bem suave e tornou nossa subida menos incomoda. Em poucas horas (creio eu) chegamos a um platô que separava a parte mais acentuada da que havíamos subido. O trabalho de verdade chegou ali.

O acesso era pedregoso e incerto, não havia trilhas e o traçado da rocha era muito sinuoso. Subimos com muita dificuldade e Lucas quase caiu umas duas vezes, uma vez salvo por sua lança e outra pela agilidade de Rafael. Eu também dei trabalho, cai e acabei torcendo o braço esquerdo. Doía, mas eu era o líder! A dor deveria ser suportada, não por só por eles, mas sim por meu Deus, Ele contava comigo.

Depois do quarto platô (que ficavam menores, quanto mais subíamos), paramos para tomar água e molhar o rosto. Podia ver no rosto abatido de Rafael alguém em quem podia confiar, e em Lucas... Via mais que um amigo, mas sim um verdadeiro irmão.

Quando a escalada parecia não mais ter fim, Rafael alcançou o último platô, grande, largo e plano. Um cheiro forte de enxofre era exalado de pequenos buracos no chão. E lá estava ele, sentado nos esperando, já sabia que estávamos ali. Fiquei pensando porque não nos atacara antes, quando seria fácil pra ele, quando estávamos desprevenidos.

A prepotência e a soberba alcançam rápido o coração daqueles que retêm o poder. Devemos entrega-lo nas mãos de Deus e ser humildes. Confiarmos nossos caminhos ao Senhor!

O Dragão.

Temível e devastador...

O Dragão. Vermelho, grande e ameaçador. Sua aparência réptil, língua bipartida e pelo menos da altura do maior castelo que já vi. Sua envergadura era de pelo menos uma vez e meia seu tamanho.

Quando nós três nos armamos e nos encaramos com certo temor e euforia, ele abriu suas asas demonstrando seu poder e terror. Serpenteou o longo pescoço e nos encarou cara a cara antes de recolher o pescoço novamente. Abriu sua grande boca e seus dentes serrilhados e sobrepostos se amostravam como sinal de poder.

Rafael correu para a direita e procurou algum refugio para suas flechas. Corri para esquerda, tentando desenvolver o máximo de velocidade possível, pensando em me prevalecer de minha estatura e rapidez. Lucas apenas o esperava com sua lança imóvel e a postos, apenas firmou uma base defensiva e fitava o dragão como se não o temesse. (e não o temia.).

Com grande mobilidade a fera se locomoveu rápida como uma cobra e chicoteou seu imenso rabo chifrado em minha direção, enquanto sua boca atacava a Lucas e sua asa varria o chão em busca de Rafael.

Rolei no chão com destreza e me esquivei do golpe, passando por debaixo da cauda. Mas não contava que algo tão pesado voltasse tão rápido, e apenas firmei a mão na tira de couro do escudo e o segurei contra meu corpo.Recebi o golpe quase lateral e frontalmente, pois havia muitos espinhos em sua cauda.

Rafael fora acertado pela asa foi jogado ao ar, mas ainda sim atirou uma flecha meio desconcertada. Errou, e sua manobra aérea arriscada quase lhe custa a vida. Quando se segurou em algo era quase tarde de mais, metade de seu corpo estava pra fora do platô, dependurado e balançando ao ar. Algumas de suas flechas se perderam pra sempre.

Lucas estava ali firme, estagnado como uma rocha, e seu ataque foi o pior, ele o desafiou ficando ali. Mas aquele que nos adestrou para guerrear não o fez para que perdêssemos. Rapidamente quando a horrenda bocarra tentou o abocanhar, se jogou para o lado e quase escapulia, quando um movimento insano e voraz, o abocanhara, o dragão balançou a cabeça e a armadura de Lucas o traíra se prendendo ao dente da fera alada. Mas sua habilidade com a lança não deveria ser subestimada, principalmente se tratando do inimigo.

Dependurado ele girou a haste no ar e enquanto o dragão tentava mordisca-lo. E com extrema perícia enterrou metade da lança no focinho da fera. Ela urrou e o largou do alto se contorcendo de dor.

Após ter recebido o ataque da cauda, senti meu braço estalar juntamente com meu escudo, uma dor terrível percorreu meu corpo e me desfaleci por alguns segundos. A única coisa que me veio à mente foi à imagem do brasão sagrado. Nesse momento Deus falou forte ao meu coração, e uma intrepidez sem fim me arrebatou. Esqueci da dor, e arranquei freneticamente para definir de uma vez o propósito de Deus naquela batalha, eu era o líder!

Aproveitando oportunidade que Lucas criara com o ataque da lança, me impulsionei para debaixo de seu longo pescoço e saltei contra ele justamente quando se dirigia contra mim. Ia me esmagar, mas era o único jeito que eu via de transpassar aquelas duras escamas. Desceu furiosamente contra mim, e joguei meu braço direito o mais forte que pude pra cima e segurei a espada com firmeza, caí sobre minhas ancas, e “empurrei” o chão com força.

Senti metade de minha mão penetrar junto com a espada. Suas escamas dilaceraram minha armadura e a pele de meu braço. O sangue corria como numa cachoeira sobre mim.

Mas não estava morto. Ergueu-me no ar, enquanto urrava de dor e surpresa, e lançou-me em queda livre. Ainda no ar foi capaz de abocanhar minha perna esquerda, se não fosse minha armadura, estaria sem ela agora. (a perna...).

Tentou me mastigar em pleno ar, mas foi alvejado pelas flechas incessantes de Rafael, que atingiam seu peito ferozmente.

Lucas desembainhou duas adagas banhadas a ouro que levava na cintura, e correu na direção da pata dianteira da fera. Com tremenda coragem, começou a escalar o corpo do dragão usando as adagas como instrumento. (O dragão não pensava que daríamos tanto trabalho, bem na verdade ele estava certo. Pois não éramos nós que batalhávamos, mas sim Jeová Sabaoh).

Quando Lucas já havia alcançado mais da metade da perna, o dragão me jogou no chão, e eu já estava quase imobilizado com minha perna totalmente ensangüentada. Foi então que vi a lança de Lucas, ali caída perto de mim, não sei como ela havia se desprendido da cara da besta, mas o fato é que ali estava. E a besta estava ocupada demais com Rafael e Lucas para me notar. Era minha chance!

Enquanto me arrastava para a lança, senti minhas forças se esvaindo, e meus olhos cedendo ao sono eterno, perdi muito sangue... Minha perna doía e meu braço... Nem o sentia mais.

A minha força secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar, e me puseste no pó da morte”.

Meu coração se esvaziou de esperança e me entreguei...

Tudo jazia escuro, em trevas... Perdi para a besta, fracassei em minha liderança, no posto que meu Deus me deu.

Foi quando escutei:

—Mateus! – era a voz de Lucas, que gritava enquanto esfaqueava o lombo da fera.

Uma luz se acendeu e ouvi:

—Dar-te-ei o teu inimigo em tuas mãos.Levanta-te e cumpri tu a minha obra. E contigo farei concerto, e tu e teu povo serão abençoados, porque sou contigo: Jeová Senhor dos Exércitos.

Vi a na lança de Lucas a benção do Senhor, e não havia mais dor ou dormência, mas sim intrepidez e a valentia do Senhor.

Arranquei a lança do chão, e a segurei com toda força que ainda me restava. Nesse momento o Senhor me guiou, e o vi: o coração do inimigo, pulsando cheio de terror e ódio. Então toda terra e céus tremeram e disse o Senhor através de minha boca:

Livrou-me do meu inimigo forte e dos que me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu.

Joguei a lança contra o ar na direção da besta, e como num clarão atingi o peito da criatura, sua boca produziu um estrondo como de rochas se chocando e então caí surdo no chão.

Quando me dei por mim, Rafael me carregava pelo braço direito e Lucas pelo esquerdo. Todas as partes de meu corpo doíam e também pude ver que se feriram bastante. Carregar-me estava sendo um sacrifício pra eles, mas o fizeram.

Com a ajuda de Deus descemos a montanha e reavemos nossas provisões e coisas demais. Cuidamos de nossos ferimentos e tratamos de sair da terra do inimigo, que agora pertencia ao Senhor dos Exércitos.

Não havia mais escuridão e enquanto cavalgávamos de volta fomos abençoados por uma boa chuva de verão.

>>>by Nelson Edson

O desafio

E

nquanto cavalgava, preparava-me pro que me esperava à frente. Um desafio de causar orgulho em qualquer um. Ser escolhido pelo Rei para acabar com um mal no reino.

Apesar de estar certo da vitória, não era isso que meu corpo e mente me diziam. Tentava de algum modo não pensar na batalha: aproveitar a paisagem, sentir o vento no rosto ou até mesmo acariciar meu cavalo, bom e velho amigo. Mas tudo isso só me deixava cada vez mais pesaroso sobre meu propósito.

Temi.

De longe, cerca de algumas milhas, já era capaz de avistar a colina e o forte abandonado. O Céu a essa altura já estava cinzento, como numa manhã de outono, e soprava uma leve e gélida brisa vespertina. Cobri-me com a capa, pois o metal de minha armadura gelava enquanto uma garoa fina porem intensa caia sobre mim. Pensei em meu Deus e General.

Fixei os olhos no meu destino e avancei do trote a cavalgada, meu fiel amigo entendeu minha pressa e me favoreceu.

As arvores e a trilha iam ficando para trás, e somente uma paisagem mórbida ia tomando conta não só dos meus olhos como do meu coração. O inimigo sabe as cartas que joga.

Alcancei rapidamente o forte, e o portão central não existia mais. Apenas as dobradiças enferrujadas pendiam das extremidades do grande arco de pedra. Destroços e despojos de uma aparente guerra eram a decoração do pátio. Num formato semicircular, o pátio se estendia em pelo menos 90 metros de diâmetro, e tochas foram estrategicamente distribuídas ao redor do mesmo. Ele me esperava. Acho que sabia até quem viria. Covarde!

Entrei vagarosamente e minha respiração se misturava no ar com a de meu cavalo, enquanto observava tudo. Levei a mão até o cabo da espada. E enquanto a desembainhava...

Fui surpreendido por uma armadilha, pensei em meu Deus, um grande vulto negro voou até mim, e me derrubou do cavalo. Com perícia esquivei-me do golpe por completo e rolei no chão sem qualquer dano.

Girei na direção do ataque com a espada a postos, e com a outra mão me livrei da capa. Ainda um tanto desnorteado não me preparei como deveria pro segundo ataque.

Ele se jogou pra cima de mim como um lobo caça uma lebre. Recebi o golpe frontalmente e ele cravou suas garras no peitoral de minha armadura, e senti sua boca morder ferozmente meu ombro esquerdo. Seus dentes vorazes perfuraram as talas metálicas e senti sua fúria insana destrinchar minha carne.

Rolamos no chão, e num lapso ele vacilou, dando brecha para lâmina de minha espada golpeá-lo. Forcei a lâmina contra suas costelas e o joguei para o lado reunindo uma força descomunal.

Levantei-me rapidamente, dessa vez preparado, e vi o que jazia tremendo no chão úmido de terra que nos cercava.

Um cão, bestial, mas um cão, suas narinas espiravam fogo, e nos seus olhos pude ver um espírito maligno. Um pelo crespo e sujo e com garras mais mortais que uma espada.

Não era ele apenas um contra-tempo.

Escutei palmas, singelas e mortais...

Minha carne gelou, mas meu espírito ardia numa intrepidez incomum. Lembrei-me da Palavra do Senhor. — Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho; Adestra minhas mãos para o combate.

Então o vi, do lado oeste do pátio, saindo das trevas de uma porta oculta. O Inimigo. Grande, forte, de porte abissal.

Então declamei em voz alta: — Pois o Senhor meu Deus, que me cinge de força para a peleja; faz abater debaixo de mim aqueles que contra mim se levantam!

Ignorando-me, correu com grande mobilidade até mim, e antes de qualquer defesa, acertou-me um golpe frontal. Atingindo meu peito e me jogando a metros. Cai sentado e tossindo muito, senti o gosto amargo do sangue chegar a minha boca. E minha armadura agora não passa de um monte de ferro amassado...

Agilmente me levanto, e chega à hora de atacar e não mais de se defender. Girei em torno de mim fazendo com que a espada seguisse meu contorno, e em seguida avancei contra o demônio. Sua expressão era de prazer, salivava e sua língua saltava pra fora da boca enquanto avançava simultaneamente comigo.

Suas garras se ergueram e minha espada bradou pela vontade do Deus forte. Nos chocamos e um surdo estrondo ecoou por todo pátio. E seu sangue pegajoso espirrou por todo lado, mas também fui ferido. Meu braço também sangrava agora. O direito.

O fitei, ali parado de pé, sangrando muito, também me fitava de cima a baixo. Por um momento pensei que existisse respeito entre nós... Que besteira pensar isso.

Girei na minha base, e com um exímio movimento golpeio nas pernas, ele ainda tentou se esquivar, mas para seu azar, minha espada era longa. E o pior ainda, pra ele, o Senhor dos Exércitos estava comigo!

Caindo ajoelhado, se prostrou aos meus pés, tentando ainda reagir, agarrou minha perna esquerda. Hum, pobre criatura.

E novamente a palavra me veio à mente e a boca:

Deste-me também o pescoço dos meus inimigos, para que eu pudesse destruir os que me aborrecem.

Sem piedade então decaptei-o.

Consumado estava. Já não mais havia ameaça.

>>>by Nelson Edson

quarta-feira, abril 04, 2007

A Vinda do Senhor

Noite, ensandecida, mas noite...
Ouço gritos, e acordo com um tremor!
Uma mão se estende até mim, e não entendo o porque, apenas retribuo. Sou arrancado da minha cama e logo depois do meu quarto.
Ainda desorientado tento me situar no que ocorre. Meu pai me puxa pelo braço e apenas obedeço ainda sem entender muito. Luto contra o sono e o cansaço...
Na rua gritos e estrondos, finalmente entendo o que ocorre, quando vejo metade de minha casa cair, e meus pais e irmãos se abraçando enquanto perdemos tudo o que temos... Menos nossas vidas e uns aos outros.
Quando me dou por conta, a rua toda treme e sacode, e vejo meus vizinhos gritarem insanamente por parentes ou coisas...
Deus nos livrou a todos...
Sirenes cada vez mais altas chegam aos nossos ouvidos e os bombeiros lutam pelas vidas. Por um momento pensei ser um atentado.
Mas o homem espiritual tudo discerne. Diz a palavra.
Vi a noite em trevas, mas não trevas por falta de luz, mas sim por falta de Luz.
O céu em sangue a lua em putrefação, e o horror do “poderio” infernal eram sentidos na carne.
Vi muitos se matarem.
Em meio à correria esbarrei num deles... Asqueroso e ardiloso.Pele escamada e um sorriso de congelar a alma de quase qualquer um.
Ele esboçou repugnância na cara e vomitou ao me ver, tentou me tocar, mas a Luz o impediu.
Jeová Sabaoh.
Montes surgiam em meio aos prédios de uma paisagem urbana, e um cenário apocalíptico era montado enquanto corríamos de um lado para o outro.
Eu os vi. E enquanto os contemplava, pude reparar por um fragmento de tempo, que todos os eleitos olhavam para Eles.
Angellus.
No cume de cada monte, Eles se erguiam, como guerreiros mais que vitoriosos que se apresentam ao seu Rei. E eles os levavam.
Os selos.
E a postos se puseram. Queria andar, correr, sei lá. Mas o fato é que apenas os olhava fixamente.
Trovões cortaram os céus, e ouviram-se estrondos como de muitas águas. As nuvens se dispersavam e giravam lentamente no formato de uma espiral. Senti o sangue gelar por um momento, Mas logo uma chama se acendeu dentro de mim.
Feixes de Luz rasgaram o céu o vimos:
Leão de Judá, bendito seja, Adonai, Shekinah, Shalom, Rafá, Jireh.
O mundo viu sua glória e a sentiu quando disse: — Minha palavra não é lançada por terra! E vos disse Igreja, que voltaria e aqui estou minha noiva!
Quando disse a meu Pai: — Envia-me a mim. Sabia por quem faria tal sacrifício, e venho honrar a vontade de Deus nosso Pai. Santificaram-se e esperaram com perseverança o tempo do Senhor, a agora aqui estou!
A casa esta pronta. Vocês clamaram:
MARATA!
Nesse momento ergueu Seu braço e na sua destra estava todo poder. Relâmpagos o envolveram, seus cabelos serpenteavam ao ar e sua túnica, alva, bruxuleava aleatoriamente enquanto clamava pelo Pai.
— Senhor, eis que tua igreja pronta está, rogo-te pra que as portas abertas estejam pro Teu povo oh Senhor!
Senti meu corpo flutuar e tudo que dantes era caos... Virou agonia para aqueles que viraram o rosto pra palavra de salvação.
Enquanto subíamos, vimos que nas nuvens com Cristo já se encontravam aqueles que já estavam na glória, com seus corpos glorificados.
A ordem então foi dada:
— Abram os Selos!

terça-feira, abril 03, 2007

Amor Fraternal

Por muitas vezes, quis entender por que cantamos muitas coisas, porque nosso coração se permite encher somente do que é bonito e bom aos ouvidos.
“Sempre que você precisar irmão, o perdoarei de coração...” como podemos cantar isso tão inconsequentimente?
Aonde estiveram meus “irmãos”? Aonde andou a ajuda e o consolo? Quem nunca se sentiu assim?
Cristo cuida de nós.
Temos que nos lembrar onde e quando caímos. Retornar ao primeiro amor. Se importar, tratar, se virar, olhar, chorar, abraçar, amar...
“Somos devedores uns dos outros , do amor que flui de Deus. Que nos tem feito um em Cristo! Tendo tudo em comum!”
Que lindo é viver isso. Mas, o quanto temos nos esforçado, o quanto temos orado, o quanto queremos isso de nós e para nós?
Jesus sempre esta conosco, ontem, hoje e eternamente. Ele é nosso consolo, nosso refúgio e nossa fortaleza.

Boas Vindas ! ! !

Olá,

Sejam bem vindos irmãos!

Aqui estaremos sempre falando de Deus, e expondo textos de histórias bíblicas ou com base nas mesmas.
Espero que gostem e que possam ser abençoados.


Obrigado