segunda-feira, março 04, 2013

As mãos que nada servem, atadas.

Já não é de hoje que se tem discutido sobre a epidemia de crack que assola nossa cidade já tão cheia de problemas e defeitos quanto qualquer outra grande metrópole.

No entanto, fora toda a discussão politica que enreda e guia tal assunto, paro pra pensar no que as ONGs poderiam fazer. Daí venho eu pra contorcer seu conceito e pensar nas igrejas como ONGs.

É isso mesmo, igrejas. E eu, particularmente quando digo isso, penso nas igrejas evangélicas como cerne do meu exemplo, pois vivi muitos anos (pra mim) dentro "delas".

Sei que isso talvez possa causar desconforto em muitos e fomentar a sede de criticar de outros, mas o fato é que sim, quero falar sobre isso.

Sei também que é fácil falar e criticar do conforto do meu notebook, da minha casa. Nunca doei um centavo  diretamente aos pobres e não participo de quaisquer projeto social ou coisa similar. No entanto isso não me exime de ter um olhar crítico sobre o assunto e sobretudo, de expor minha opinião.

Penso no que aprendi sobre o evangelho de Jesus e sobre tudo que é ser cristão.

Já não por uma vez usei esse exemplo: Certa feita num culto de ceia, meu antigo pastor falava sobre ser pai e do presente que Deus nos permitiu cuidar que são os filhos. E, relatou sobre ter levado sua familia para almoçar e viu, à porta da churrascaria, um morador de rua revirar o lixo.
Então, deus falou com ele que sua filha nunca passaria por tal situação e brados de júbilo foram dados na igreja.

Aí eu me pergunto: Onde esta Jesus nisso? Não seria o mais cristão, dar um prato de comida ao aflito, ou algo do gênero? Penso eu que se fosse o próprio Jesus ao ver a cena, teria convidado o mendigo à comer com ele dentro da pomposa churrascaria...

Enfim, fiz essa breve introdução pra abordar exatamente esse ponto.

Porque essas igrejas milionárias não constroem casas de recuperação?

Poderia o pastor não andar de carro importado, não morar numa cobertura, não receber um salário executivo, não ter igrejas/palácios, não lançar um CD por ano gravado nos "esteites", não gastar milhares de reais em convenções e shows ao céu aberto em marchas que não servem na prática pra nada?

Penso naquelas pobres almas, aflitas e perdidas, à merce do poder público-repressor e opressor... Penso nessas pessoas doentes de corpo e mente, já sem espírito e alma, vivendo como zumbis, animais...
Minha alma dói em pensar que alguém da minha família, meu filho, pode estar à mercê disso...

E me revolta saber de pessoas que se dizem defender ideais tão justos e nobres, poderem fazer algo e não fazerem nada, porque é mais fácil culpar o governo.

Esse mesmo pastor do exemplo e com certeza muitos outros, moram na Ilha do Governador. E penso como é possível que seus corações estejam endurecidos ao entrar e sair do bairro, testemunhar tal degradação e nada fazerem.

Em alguns momentos da minha vida me pergunto porque me afastei tanto da igreja. Fácil achar a resposta não é?

Gostaria somente de menos hipocrisia e mais humanidade, empatia.

Daí me vem um Malafaia fazer render assunto com homosexualismo e blá, blá, blá... ah faça-me o favor! A Ilha é vizinha de Bonsucesso! Quintal da igreja dele!

A era da subversão já é chegada. O egocentrismo-egoísmo reina sobre essa sociedade cada vez mais doente se achando sã.

E ainda haverão aqueles que ferrenhamente-lobotomizados pelos arreios da crença fervorosa  me criticarão publicamente ou secretamente em seus corações... A esses só desejo que suas mentes possam ser iluminadas pela verdade que vem do "ser humano".

A Verdade é e sempre será uma só. Jesus. E, será que ele realmente se agrada somente de te ver evangelizando no carnaval, doando cestas básicas e escutando a "rádio crente" no seu trabalho?

Já dizia sabiamente Guns n' Roses:

"Olhe pras dúvidas em que temos chafurdado
Olha para os líderes que temos seguido
Olha para as mentiras que temos engolido."


Pensem bem nos líderes que vocês tem seguido.

Um comentário:

  1. É na ausência da justiça social que se prolifera os hipócritas programas assistencialistas.
    É na condição de fragilidade do oprimido que os tiranos lhe roubam a consciência.
    A cada momento sofremos feridas que abalam a nossa estrutura e nos fazem pensar o que somos e o que queremos a cada instante.
    E a religião não pode ser o ópio oferecido para fazer com que o povo ,anestesiado e alheio à realidade, aceite o ácido corrosivo das verdades absolutas e obstinadas impostas por pastores , enquanto outros inúmeros males grassam sobre a sociedade. E o pior, como td isso fosse um trabalho para ser por Deus resolvido.
    E, talvez, quando de fato percebermos a parcela do nosso egoísmo devotado, seja tarde demais para re-afinar o concerto desafinado do mundo…
    Que despejemos sobre a vida um olhar lúcido!
    Gizele

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